Pa-pum
Friday, October 29, 2004
  CONSCIÊNCIA LIMPA Quem me conhece sabe que minha bebida predileta é a cerveja. De preferência em latinha que, além de ser mais prática, o filho da minha faxineira as vende vazias para reciclagem e ganha um dinheirinho. Outro dia ela até me disse que ele comprou uma mochila e material escolar para o ano todo com o dinheiro das minhas latinhas.

Sou mesmo um homem de sorte: quanto mais bebedeiras, mais eu ajudo uma criança em seus estudos. Quem me dera todos meus pecados se auto-perdoassem automaticamente. A cada pessoa que eu ofendesse, um mendigo tivesse uma refeição. A cada vez que me vingasse de alguém, uma criança com câncer se curasse. E a cada mulher do próximo que eu cobiçasse, o George Bush perdesse um voto. Bom, os Democratas já podem ir preparando a festa.
 
Wednesday, October 27, 2004
  QUEM NUNCA MIJOU NO RALO? Há um ano e meio, mudei para o apartamento onde moro hoje. Uma das coisas que mais me intrigam nele é a banheira. Nada contra, ela é ótima – principalmente quando se entra com uma mulher, pois enche mais rápido e economiza água. Mas como a ducha fica acima da banheira, não tem ralo. Tem aquela tampinha de banheira, mas não um ralo convencional.

Pois isso acabou com um de meus hábitos de que mais sinto falta: mijar no ralo. As mulheres nunca vão entender, mas é sensacional urinar dentro do box e olhar com cara de desprezo para a privada. Talvez seja a primeira coisa fora da lei que fazemos na nossa vida, uma espécie de auto-afirmação. Para meu conforto, descobri um ralinho modesto logo atrás da porta. Não é a mesma coisa, é verdade. Mas evita que, num surto nostálgico, eu mije na pia. 
  SIM, ELES CAMUFLAM Nossa fauna sexual – ao contrário daquela da natureza – vem se diversificando a cada dia. Depois dos homossexuais, dos bissexuais e dos transexuais, agora temos também os metrossexuais. Trata-se de uma espécie formada exclusivamente por indivíduos do sexo masculino, que costumam viver em academias, salões de beleza e spas.

Os metrossexuais passam horas cuidando da pele e do cabelo, escolhendo roupa ou simplesmente lixando as unhas. Por isso, um observador menos atento pode considerá-los bichas. Mas definitivamente, eles não são bichas - apesar de afeminados, eles pegam muita mulher. Portanto, um metrossexual só pode ser uma coisa: lésbica.
 
Monday, October 25, 2004
  PLANTANDO BANANEIRA E COLHENDO ABOBRINHA Das duas, uma: ou os homens ou as mulheres têm o cérebro de cabeça para baixo. Estou falando sério: toda vez que você espera uma determinada reação feminina, ela acontece ao contrário. Uma mulher desprezada se apaixona facilmente, enquanto que uma mulher bem tratada tem mais probabilidades de abandonar o parceiro. Sem contar que elas reivindicam mais responsabilidades na sociedade - mas quando se deparam com algum problema, demonstram sua maior habilidade: chorar. Alguém aí viu as últimas propagandas eleitoras da Marta?

Fazer o que? Não dá para confiar no critério de alguém que gosta de pinto. 
  A BOA E VELHA MODERNIDADE Paola é uma mulher moderna, dinâmica e que sabe o que quer. Quando anda pela rua, de terninho e carregando uma pasta, seu cabelo sempre esvoaça ao vento. E, como não poderia deixar de ser, é bem-sucedida profissionalmente. Trabalha como atriz de comerciais de absorvente. Não de uma marca específica, mas de todas. Ela muda o cabelo, a roupa e a cor dos olhos. Mas toda vez que você assiste um comercial de absorvente, pode ter certeza: você está olhando para a mesma mulher.

Para a vida ficar um completo conto de fadas, só faltava encontrar o par perfeito. Faltava, pois Paola conheceu Fernando. Também do ramo publicitário: é protagonista de comerciais de lâmina de barbear. Não de uma marca específica, mas de todas. Você pode nunca ter notado, mas aquele sujeito de queixo quadrado e topetinho, que se barbeia em frente ao espelho, também é sempre o mesmo.
 
Friday, October 22, 2004
  BRIGA DE GALOS Hoje, chegando ao trabalho, fui surpreendido por uma notícia inusitada: o famoso publicitário Duda Mendonça estava preso numa delegacia por causa de rinha de galos. Não vou ficar nem a favor nem contra a prisão do marqueteiro de Marta Suplicy. Mas convenhamos: nem os Três Patetas, no lugar dele, fariam trapalhada maior às vésperas de uma eleição tão importante.

Você deve lembrar que há alguns meses, o estudante Ernest Hellmuth foi acusado de atirar uma galinha na prefeita. Apareceu nos telejornais e ganhou fama pelo país. Pura injustiça, o rapaz não fez nada. Na verdade era o Duda promovendo mais uma luta, agora na modalidade feminina.
 
  FRASES VAZIAS Mais do que pelas frases inteligentes, cada época é marcada por suas frases vazias. Aquelas que não dizem nada, ditas por quem não tem nada a dizer. Nossas tias, por exemplo, repetiam coisas inesquecíveis como: Será que vai chover? Puxa, como o ano está passando rápido. Ou: Temos que matar um leão por dia.

Mas tudo se moderniza e os repetidores de chavões não fogem à regra. Hoje falam: Fulano é um artista completo. É, a internet revolucionou mesmo a comunicação entre as pessoas. A globalização é um processo inevitável. Como diria um desses sujeitos: é possível não dizer nada, usando muitas palavras.
 
Thursday, October 21, 2004
  O PRAZER É TODO MEU Se você parar para analisar, vai reparar que o prazer é o dinheiro da natureza. Isso mesmo, a natureza também faz comércio e sua moeda corrente é o prazer. Pense bem: você estuda, trabalha e se aperfeiçoa exclusivamente para acumular uma reserva financeira. Sem essa recompensa, a civilização pararia e viveríamos como índios.

E como estimular seres humanos a comer, cuidar da saúde e procriar? Só restou à natureza um meio: nos recompensar com o sabor dos alimentos, a sensação boa de estar saudável e o tesão. É isso: o prazer nada mais é do que uma moeda, oferecida em troca de nossos bons serviços prestados à preservação da humanidade. Só seria ridículo usar uma moeda no mercado da outra. Imagine uma madame na concessionária: Quanto custa esse carro? E o vendedor responderia: Completo, sai por 36 trepadas mensais. Já a versão popular custa míseros 12 boquetinhos.
 
Tuesday, October 19, 2004
  TRISTEZA, SUBSTANTIVO FEMININO Eu costumo dizer que toda mulher sempre está, no mínimo, um pouco triste. Pode reparar: por mais motivos de alegria e satisfação que tenham, elas sempre carregam uma pontinha de depressão. Tanto é verdade, que uma mulher só está completamente feliz quando tem uma tristeza permanente – um marido canalha, por exemplo.

Elas parecem a Igreja Católica, que exalta o sofrimento como o caminho para a salvação. Ou um cantor de blues, que canta orgulhoso seu martírio. Deve ser por isso que a gente só vê uma freira cantando blues no filme Mudança de Hábito. Na vida real, ela já teria se matado faz tempo.
 
  ABAIXO A BAIXARIA Na última semana, um grupo de pessoas resolveu fazer um protesto contra a baixaria na TV. Convocaram todos a desligar seus aparelhos durante uma hora na tarde do domingo – provavelmente para fugir de programas como Gugu e Faustão. Mas quem é que disse que o critério dessa gente é que deve definir o que é baixaria ou não? Engraçado que essas mesmas pessoas hoje assistem Nacional Kid e Chaves, como cult. Entendi: baixaria é para ser detonada hoje e idolatrada depois de 15 anos.

Surpreendentemente, o protesto ganhou tamanho vulto, que até a televisão noticiou. Pena que os manifestantes não viram: estavam com seus aparelhos desligados, enquanto curtiam Gretchem e Nahim no CD player.
 
Monday, October 18, 2004
  PRATO EM QUE COMEU Apesar da total dedicação de Dona Olga, seu marido a abandonou assim que ela completou 43 anos. Por isso, seu filho Chiquinho passou toda sua infância ouvindo o mesmo conselho de sua mãe: nunca cuspa no prato em que comeu. Talvez na cabeça de Dona Olga, canalhice fosse hereditária e ela queria evitar que o filho, como o pai, cuspisse no prato em que tinha comido.

Francisco cresceu, hoje trabalha como cozinheiro num restaurante. E se mantém obediente à sua mãe: só cospe em pratos em que não come.
 
Friday, October 15, 2004
  PRA QUE SERVE O DJAVAN? Às vezes me pergunto por que é que as mulheres gostam tanto do Djavan? O sujeito escreve letras do naipe do Zezé de Camargo e Luciano. A música, se não é ruim, também não é brilhante. E, ainda por cima, o cara compôs e gravou Superfantástico, do Balão Mágico.

Vamos analisar algumas de suas estrofes: esqueço que amar é quase uma dor. Ou então: não sei o que me dá, não quer meu calor. E ainda: mais fácil aprender japonês em braile que você decidir se dá ou não. Tá explicado. O cara adora discutir uma relação. É praticamente uma fêmea. Ou, nas palavras de seu amigo Caetano: eu sou neguinha.
 
Thursday, October 14, 2004
  ZERO BERTO Para mim, o meia esquerda Zé Roberto é um dos maiores mistérios da seleção brasileira. O técnico, os comentaristas e até alguns torcedores defendem que ele cumpre uma importantíssima função tática. Porém, nunca alguém conseguiu explicar que diabos de função é essa. No máximo, dizem que ele faz umas tabelinhas com o Roberto Carlos (coisa que uma parede faria muito bem).

Apesar disso, ele tem seu lugar intocável na seleção, deixando craques como Kaká ou Alex no banco. Imagino se José, com sua habilidade de fazer coisas que ninguém sabe para que servem, tivesse seguido outra carreira. Se fosse escritor, seria de auto-ajuda. Se fosse jornalista, seria colunista social. Se fosse político, seria o George W. Bush. E, se fosse palhaço, seria escritor de auto-ajuda, colunista social ou o George W. Bush.
 
Wednesday, October 13, 2004
  AIR-BAGS Outro dia, eu estava almoçando num restaurante, quando passou um casal empurando um carrinho de bebê onde estava adivinha quem? O bebê.

E esse bebê segurava uma bexiga cheia nas mãos. Não só segurava, mas também abraçava e chafurdava a cara com tanta força, que parecia que ia estourar. Depois tirava o rosto do balão, ria um monte e voltava a chafurdar. Imagine o dia em que esse garoto, já desmamado, descobrir para quê realmente servem os seios.
 
Friday, October 08, 2004
  SÍNDROME DE MAGREZA Uma das coisas mais especiais das mulheres é o cuidado com a beleza. Enquanto a gente arrota, coça o saco e tira ranho com o mindinho, elas são infinitamente mais elegantes e belas.

Mas um exagero é a síndrome da magreza. Claro que é legal sair com uma mulher malhadinha, mas tem umas que exageram. Não são poucas as anoréxicas e bulímicas que abdicam voluntariamente da capacidade de atrair qualquer ser humano sexualmente ativo. Também: você leva uma mulher dessas para jantar e, no final, não sabe se dá um beijo ou palita os dentes com ela.
 
Wednesday, October 06, 2004
  SOMOS TOSCOS, ESSA É A VERDADE Por que será que nós, homens, temos que ser tão toscos? Por que gostamos tanto de assistir televisão tomando cerveja na latinha e babando batatinha frita na camisa? Por que é que trocamos alguns momentos românticos com uma mulher por qualquer Paissandu X Ferroviária de Araraquara?

Enquanto isso muitas das mulheres, cansadas de nossa tosqueira, estão aderindo ao lesbianismo. Já que não lhes damos a devida atenção, elas procuram isso umas nas outras - se beijando, se acariciando e se lambendo. E nós, toscos que somos, assistimos a isso tudo no canal pornô. Tomando cerveja na latinha e babando batatinha frita na camisa.
 
Tuesday, October 05, 2004
  PALAVRA DE MULHER Todo mundo sabe que não se deve interpretar o que uma mulher diz ao pé da letra. Quando ela diz sim, pode querer dizer não. Mas pode ser sim, mesmo. Quando ela diz não, muito provavelmente significa sim. Mas talvez seja um não. E há ainda o pode ser, o talvez e o sei lá, mil coisas.

E depois, as mulheres não entendem porque assumem poucos postos de comando. Imagine-se como subordinado de uma delas. Você pergunta se deve fechar aquela compra de dez milhões de dólares com a multi-nacional e ela responde sim. Agora me diga: que diabos você faz?
 
  ABRE A BOCA E FECHA OS OLHOS Por que será que quando a gente beija na boca, sempre fecha os olhos? A primeira resposta que vem à mente é que o casal quer aproveitar ao máximo aquela sensação e nenhuma interferência seria bem-vinda, daí os olhos fechados. Pode ser, mas talvez não seja a única explicação.

Posicione-se a um metro do espelho. Relaxe e faça de conta que você está dando um beijão de língua em alguém invisível. Repita os movimentos dos lábios, da língua e de cada músculo facial. Mas sem fechar os olhos. Isso, encare de frente sua imagem no espelho. Observe atentamente como fica a sua cara. Agora imagine aquela pessoa que você ama e acha tão linda fazendo uma cara horrível assim. Deus me livre, melhor nem ver uma coisa dessas.
 
Monday, October 04, 2004
  BUNDA PRA LUA Assim que surgiu a notícia da gravidez, o casal Teodoro se empenhou em uma coisa: fazer com que o Arnaldinho – ou a Débora, se fosse menina – nascesse com a bunda virada para a Lua. Para tanto, o parto não poderia acontecer num hospital. Tinha que ser em casa, onde a parteira posicionaria a senhora Teodoro bem na direção do nosso grande satélite natural.

E no dia 23 de abril, nasce Arnaldinho, tomando tapas na bundinha devidamente virada para a Lua. Mas tanto esforço não surtiu o efeito desejado. O garoto era azarado em tudo: nos jogos, nos estudos, com as garotas. Como pode? O moleque nasceu com a bunda virada para a Lua e isso não teve nenhuma influência? Até que um dia, já adulto, Arnaldo apresentou seu grande amor para a família. Jorge, um rapaz forte e com uma espada desse tamanho.  
Textos curtos e com muito mau-humor sobre bobagens que não interessam a ninguém. Atualizado às 2as e 5as. Se quiser receber atualizações, mande um e-mail para Zé Luiz


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