PORTEIRO II
Eu moro no primeiro andar, o que torna meu apartamento mais vulnerável aos ouvidos e olhos astutos do porteiro Francisco. E teve um dia que eu estava assistindo um filme com a janela aberta. Numa determinada cena, enquanto um cara comia empolgadamente uma mulher, meu interfone tocou.
Ô, seu Zé. Dá pro senhor fechar a janela? As crianças tão tudo aqui no pátio olhando para cima.
Meio envergonhado e meio achando engraçado, fechei a janela e continuei vendo o filme. No dia seguinte, voltando do trabalho, ouço a inconfundível voz do Francisco.
Ô, seu Zé. Se o senhor for ver esses filmes de madrugada, pode deixar a janela aberta que eu vejo daqui.