VIVA VOZ
Pablo era um adolescente normal. Quer dizer, normal até o dia em que começou ouvir vozes. E como nenhuma voz é inocente, esta também falava mal de pessoas e às vezes o estimulava a cometer atos de violência. Apesar de ter total controle de si mesmo, Pablo estava à beira de fazer uma besteira.
Quinta-feira passada, Pablo acordou, lavou o rosto e limpou as orelhas com cotonete. Sentiu algo estranho sair de seu ouvido direito e examinou a pontinha de algodão. Lá estava sua tia Marisa, que todos julgavam desaparecida, sentada no cotonete e falando mal da filha da vizinha. É, de tão mesquinha e fofoqueira, tia Marisa se tornou uma pessoa pequena.